NOTA EM SOLIDARIEDADE AOS QUILOMBOLAS DE ORIXIMINÁ AMEAÇADOS PELA MINERAÇÃO



NOTA EM SOLIDARIEDADE AOS QUILOMBOLAS DE ORIXIMINÁ AMEAÇADOS PELA MINERAÇÃO
As organizações abaixo-assinadas vêm à público expressar sua solidariedade aos quilombolas de Oriximiná, no Estado do Pará, ameaçados pela exploração minerária em seus territórios tradicionais e desrespeitados em seu direito à consulta livre, prévia e informada.
O empreendimento é da maior produtora de bauxita do Brasil, a Mineração Rio do Norte (MRN) cujos os acionistas são poderosas empresas nacionais e internacionais: Vale, BHP Billiton, Rio Tinto Alcan, Companhia Brasileira de Alumínio, Alcoa Alumínio, Alcoa World Alumina, Hydro e Alcoa Awa Brasil Participações.
Em 2013, o IBAMA concedeu Licença de Operação (LO 1172/2103) à Mineração Rio do Norte para exploração do platô Monte Branco parcialmente incidente na Terra Quilombola Moura. A Licença de Operação foi outorgada sem consulta prévia aos quilombolas, sem um estudo para avaliar os impactos para essa população e sem o estabelecimento de medidas mitigatórias e/ou compensatórias aos quilombolas.
O fato foi denunciado ao Ministério Público Federal, ao IBAMA e a Fundação Cultural Palmares sem que tenham sido tomadas, até o momento, medidas efetivas para reparar tal situação.
Outros quatro platôs incidentes nas Terras Quilombolas Alto Trombetas e Jamari/Último Quilombo encontram-se atualmente em processo de licenciamento ambiental (Cruz Alta, Cruz Alta Leste, Peixinho e Rebolado) com previsão de início da lavra em 2021.
Em 2012, o ICMBio concedeu a MRN autorização para as pesquisas geológicas na área desses platôs dentro dos limites das terras quilombolas sem consulta ou informação prévia. Tais pesquisas envolveram mais de 60 funcionários, equipamentos pesados, abertura de ramais e desmatamento dentro dos limites das terras quilombolas.
Os quilombolas denunciaram a situação ao Ministério Público Federal que Recomendou o cancelamento da autorização até a consulta livre, prévia e informada. O ICMBio acatou a Recomendação e em janeiro desse ano a autorização foi cancelada.
A partir desse fato, a MRN e a Fundação Cultural Palmares deram início a uma forte pressão para que os quilombolas manifestassem sua concordância com os estudos confrontando o direito ao consentimento livre, prévio e informado.
Desde fevereiro, reuniões vem sendo promovidas pela Fundação Cultural com os quilombolas a suposto título de informação mas que, na verdade, são tentativas de constranger os quilombolas a rapidamente aceitarem a realização dos estudos da mineradora.
Tais reuniões tem sido agendadas no atropelo desrespeitando as diversas instâncias de decisão dos quilombolas e sua forma tradicional de deliberar, favorecendo a divisão entre as comunidades. As reuniões têm contado com a ostensiva participação da MRN e mesmo de políticos locais na defesa da empresa. Até hoje, os quilombolas não contam com as informações básicas sobre os estudos geológicos e os estudos de impacto ambiental planejados para ocorrerem ainda esse ano.
A Fundação Palmares não cumpriu compromisso assumido ainda em fevereiro de 2013 de elaborar proposta de plano de consulta para nortear o processo de informação, diálogo e construção de acordos com a MRN. E pior, a Fundação Cultural Palmares vem repetidamente alegando que a consulta não é necessária na etapa dos estudos, contrariando o princípio básico da consulta que é ser prévia.
A pressão continua comprometendo os princípios da boa fé e da liberdade. E a principal reivindicação dos quilombolas que é a titulação de suas terras está esquecida. As Terras Quilombolas Alto Trombetas, Jamari/Último Quilombo e Moura ainda não tiveram o sequer o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação publicado, apesar de pronto.
Nos solidarizamos com os quilombolas e exigimos que o governo federal atue com isenção, promova o entendimento ao invés de favorecer os planos da mineradora, e garanta uma consulta realmente livre, prévia e informada reconhecendo e respeitando o modo e o tempo dos quilombolas tomarem suas decisões, conforme garante a Convenção 169 da OIT.

29 de agosto de 2014



Firmam a presente nota as seguintes organizações
1.    Dom Bernardo Johannes Bahlmann, Bispo da Diocese de Óbidos
2.    Comissão Pró-Índio de São Paulo
3.    Malungu – Coordenação Estadual das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombo do Pará
4.    Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais – Abong
5.    Coordenação Nacional de Entidades Negras – Conen
6.    Movimento Nacional Pela Soberania Popular Frente à Mineração- MAM
7.    Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração
8.    Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – FBOMS
9.    Processo de Articulação e Diálogo – PAD
10.  Rede GTA
11.  Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social
12.  Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB
13.  Movimento Sem Terra – MST
14.  Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC
15.  Fórum Ecumênico ACT Aliança Brasil – FEACT Brasil
16.  Comissão Pastoral da Terra – CPT Nacional
17.  Associação Juízes para a Democracia
18.  Instituto de Estudos Socioeconômicos – Inesc
19.  Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – Ibase
20.  Associação dos Remanescentes de Quilombo de Peafú
21.  Associação das Comunidades Quilombolas do Município de Óbidos
22.  Federação das Organizações Quilombolas de Santarém
23.  Pastoral Social de Óbidos
24.  Comissão Pastoral da Terra de Óbidos
25.  Comissão Pastoral da Terra de Santarém
26.  Comissão Pastoral da Terra de Itaituba
27.  Congregação do Verbo Divino
28.  Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira
29.  Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alenquer
30.  Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Oriximiná
31.  Comissão Atingidos pelas Barragens do Rio Trombetas
32.  Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará – Cedenpa
33.  Justiça nos Trilhos
34.  Fórum da Amazônia Oriental
35.  Oficina Escola de Lutheria da Amazônia
36.  Iepé Instituto de Pesquisa e Formação Indígena
37.  Centro de Trabalho Indigenista
38.  Instituto Internacional de Educação do Brasil – IEB
39.  Conselho Indigenista Missionário – Cimi
40.  Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE
41.  Pastoral Afro-brasileira
42.  Koinonia – Presença Ecumênica e Serviço
43.  Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – FASE
44.  Abrace a Serra da Moeda
45.  Movimento Ame a Verdade
46.  Associação Alternativa Terrazul
47.  Brigadas Populares
48.  Centro de Cultura Negra do Maranhão
49.  Criola
50.  Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular
51.  Movimento Debate e Ação – MdA
52.  Movimento de Saúde – MSP MA
53.  Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva – Cedefes
54.  As Irmãs de Notre Dame de Namur
55.  Centro de Estudos Bíblicos – CEBI
56.  Fórum Carajás
57.  Justiça Global
58.  SOS CORPO – Instituto Feminista para a Democracia
59.  Movimento Xingu Vivo Para Sempre
60.  Movimento Negro de Altamira
61.  Movimento de Mulheres do Campo e Cidade Regional Transamazônica e Xingu
62.  Coletivo de Mulheres de Altamira
63.  Instituto Brasileiro de Educação, Integração e Desenvolvimento Social – Ibeids
64.  Observatório dos Conflitos no Campo/UFES
65.  Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais – GESTA/UFMG
66.  Comitê Quilombos da Associação Brasileira de Antropologia
67.  Grupo de Estudos Desenvolvimento Modernidade e Meio Ambiente/UFMA
68.  Grupo de Pesquisa Historicidade do Estado e Direito/UFBA
69.  Grupo Mulher Maravilha
70.  Instituto Socioambiental – ISA
71.  Terra de Direitos
72.  Instituto Universidade Popular – UNIPOP
73.  SOF – Sempreviva Organização Feminista
74.  Operação Amazônia Nativa – OPAN
75.  Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha
76.  Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Juruti
77.  Associação Rádio Comunitária de Oriximiná – RCO
78.  Associação das Famílias da Casa Familiar Rural de Óbidos
79.  Consultoría para los Derechos Humanos y el Desplazamiento – CODHES (Colômbia)
80.  ADDAF – Associação de Defesa e Desenvolvimento Ambiental de Ferros
81.  Ação Franciscana de Ecologia e Solidariedade
82.  Articulação Antinuclear Brasileira
83.  Associação de Conservação Ambiental Orgânica – Santa Maria de Itabira
84.  Associação das Vítimas do Césio 137
85.  Articulação dos Atingidos pela Mineração do Norte de Minas
86.  Associação Alternativa Terrazul
87.  Associação Brasileira de Reforma Agrária
88.  Associação Para a Recuperação e Conservação Ambiental
89.  Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária – AMAR
90.  Associação de Proteção ao Meio Ambiente – APROMAC
91.  Associação de Saúde Ambiental – TOXISPHERA
92.  Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida – APREMAVI /SC
93.  Associação do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental de Belo Vale
94.  Associação PRIMO – Primatas da Montanha
95.  Brasil Pelas Florestas
96.  Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de MG
97.  Coletivo Margarida Alves
98.  CEPASP – PA
99.  Campanha Pelas Águas e contra o Mineroduto da Ferrous
100.              Cáritas Diocesana de Sobral – CE
101.              Cantos do Mundo
102.              Consulta Popular
103.              Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas – CONAQ
104.              Central Única dos Trabalhadores – CUT
105.              Centro Franciscano de Defesa dos Direitos
106.              Centro de Ecologia Integral de Betim – CEIB
107.              Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria – CNTI
108.              CSP- Conlutas
109.              Conselho Pastoral dos Pescadores
110.              Comissão Paroquial de Meio Ambiente (CPMA) de Caetité
111.              Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – Montes Claros MG
112.              Evangélicos Pela Justiça
113.              Educafro Minas
114.              Frente de Luta pelos Direitos Humanos
115.              Grupo de Extensão Universitária – Organon (UFES)
116.              Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte – GPEA/UFMT
117.              Gestão Socioambiental do Triângulo Mineiro (Angá)
118.              Greenpeace
119.              Grupo Franciscano de Educação Ambiental
120.              Guará – Associação dos Guardiões da Rainha das Águas
121.              Hutukara Associação Yanomami (HAY)
122.              Instituto Caracol – iC
123.              Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul – PACS
124.              Juventude Atingida pela Mineração – PA e MA
125.              Juventude Franciscana do Brasil – JUFRA
126.              Justiça Global
127.              Levante Popular da Juventude
128.              Marcha Franciscana
129.              Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
130.              Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
131.              Movimento pela Moralidade Pública e Cidadania – Ong Moral MT
132.              Movimento pelas Serras e Águas de Minas
133.              Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela
134.              Movimento Guará e Xô Mineradoras
135.              Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça e Cidadania
136.              Movimento Artístico, Cultural e Ambiental de Caeté – MACACA (Caeté/MG)
137.              Movimento dos Atingidos pelo mineroduto Minas-Rio de São Domingos do Prata – MG
138.              Marcha Mundial de Mulheres
139.              Núcleo de Investigações em Justiça Ambiental (NINJA)- Universidade Federal de São João del Rei
140.              Observatório dos Conflitos do Extremo Sul do Brasil – RS
141.              Ordem Franciscana Secular – OFS
142.              Pastoral da Juventude Rural – GO
143.              Pedra no Sapato
144.              Pastorais Sociais / CNBB
145.              Rede Brasileira de Justiça Ambiental
146.              Rede Cearense de Juventude pelo Meio Ambiente – RECEJUMA
147.              Rede Axé Dudu
148.              Rede Brasileira de Ecossocialistas
149.              Rede Mato-Grossense de Educação Ambiental – REMTEA
150.              Rede Causa Comum
151.              Rede Franciscana de Justiça, Paz e Ecologia – Sinfrajupe
152.              REAJA
153.              Rede Brasileira de Pesquisas em Nanotecnologia
154.              Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia – SINFRAJUPE
155.              Serviço Verbita (SVD) de JUPIC
156.              Secretariado de Missão e Evangelização da Província Franciscana Santa Cruz
157.              Serviço Franciscano de Justiça, Paz e Integridade da Criação – OFM/PSC
158.              Sindiquimica – PR
159.              Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Açucena – MG
160.              Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Simonésia – MG
161.              Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha – MG
162.              Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canaã dos Carajás – PA
163.              Sindicato Unificado da Orla Portuária – SUPORT ES
164.              Serviço Interfranciscano de Ecologia e Solidariedade – SINFRAJUPE
165.              Sindicato Metabase Inconfidentes
166.              SOS Serra da Piedade (MG)
167.              UNICON – Unidos Por Conceição
168.              VIVAT International