O que é o pecado?



O que é o pecado?
“O pecado, para Santo Agostinho, é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro, para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana. Foi definido como uma palavra, um ato ou um desejo contrários à lei eterna” (Cat. 1849).

Analisemos o texto de Gn 3,1-13:
A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos, que Iahweh Deus tinha feito. Ela disse a mulher: ‘Então Deus disse: Vós não podereis comer de todas as árvores do jardim?

A mulher respondeu: Nós podemos comer do fruto das árvores do jardim. Mas do fruto da árvore que esta no meio do jardim, Deus disse: ‘Dele não comereis, nele não tocareis, sob pena de morte

A serpente disse então a mulher: ‘Não, não comereis! Mas Deus sabe que no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses, versados no bem e no mal.’

A mulher viu que a árvore era boa ao apetite e formosa à vista, e que essa árvore era desejável para adquirir discernimento. Tomou-lhe do fruto e comeu. Deus também ao seu marido, que estava com ela e ele comeu. Então, abriram-se os olhos dos dois e perceberam que estavam nus, entrelaçaram folhas de figueira e se cingiram.

Eles ouviram os passos de Iahweh Deus que passeava no jardim à brisa do dia e o homem e sua mulher se esconderam da presença de Iahweh Deus, entre as árvores de jardim.

Iahweh Deus chamou o homem: ‘Onde estás?’

Disse ele: ‘Ouvi seu passo no jardim, tive medo porque estou nú e me escondi.

Ele retomou: ‘E quem te fez saber que estavas nú? Comeste, então, da árvore que te proibi de comer!’

O homem respondeu: ‘A mulher que puseste junto de mim e meu da árvore e eu comi!

Iahweh Deus disse à mulher: ‘Que fizeste?’

E a mulher respondeu: ‘A serpente me seduziu e eu comi’.

Existe uma diversidade de pecados, mas podemos distingui-los entre PECADO MORTAL E PECADO VENIAL.

Pecado mortal: Esse pecado destrói a caridade no coração da pessoa humana, através de uma grave infração contra o amor de Deus, ou seja, desvia a pessoa do seu fim último que é Deus.

Para que um pecado seja mortal é necessário que tenha uma matéria grave e que seja cometido em plena consciência e deliberadamente, ou seja, livremente. Matéria grave: são aqueles prescritos pelos Dez mandamentos; Consciência e liberdade: ter clareza que aquele ato é uma mal e mesmo assim desejar praticá-lo.

Quando falta a consciência, ou seja, existe uma ignorância involuntária pode diminuir ou mesmo escusar a imputabilidade do ato. Essa falta de consciência pode ocorrer por má formação, por influências externas, perturbações patológicas, etc.

“O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, como o próprio amor. Acarreta a perda da caridade e a privação da graça santificante, isto é, do estado da graça. Se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que nossa liberdade tem o poder de fazer opções para sempre, sem regresso. No entanto, mesmo podendo julgar que um ato é em si falta grave, devemos confiar o julgamento sobre as pessoas à justiça e à misericórdia de Deus.” (Cat. 1861).

Pecado venial: embora fira e ofenda a caridade, não há destrói.

Em outras palavras, o pecado venial enfraquece a caridade, ele “traduz uma afeição desordenada pelos bens criados; impede o progresso da alma no exercício das virtudes e a prática do bem moral; merece penas temporais.” (Cat. 1863).

Mas atenção, às vezes, não damos a devida atenção a esses pecados por serem considerados “leves” e, sob a desculpa de ser um “ser humano” e todo ser humano peca, pode-se cair no laxismo, ou seja, não busca se alto corrigir e pode habituar-se a pecar. O hábito do pecado leva à cegueira da consciência e achar que tudo é normal.

Existe também o pecado contra o Espírito Santo. Disse Jesus: “Aquele, porém, que blasfemar contra o espírito Santo, jamais será perdoado:é culpado de pecado eterno” (Mc 3,29).

O que significa isso? Será que Jesus não foi muito radical?
Embora a misericórdia seja infinita, Deus não atenta contra a liberdade humana, ou seja, quando a própria pessoa se fecha a misericórdia, a graça e o perdão de Deus. Não permitindo a ação do Espírito Santo em sua vida. É a negação eterna de Deus e a recusa do seu perdão e do seu amor.

Outra coisa a que devemos estar atentos é que o pecado gera pecado e fortalece o mal em nós. A isso chamamos de VÍCIO.

Os Vícios estão ligados aos pecados capitais, são assim chamados porque podem gerar outros pecados. São eles: orgulho, avareza, inveja, ira, impureza, gula, preguiça.

Há também os pecados que bradam o céu: O sangue de Abel (Gn 4,10); O pecado dos sodomitas (Gn 18,20); O clamor do povo oprimido no Egito (Ex 3,7-10); A queixa do estrangeiro, da viúva e do órfão (Ex 22,20-22); A injustiça contra o assalariado (Dt 24,14-15 e Tg 5,4).

Embora o pecado seja sempre um ato pessoal, por causa da responsabilidade pelo bem comum acaba tendo uma dimensão social.