Pai Nosso... Pela Justiça



Pai Nosso... Pela Justiça
Pai Nosso … que sempre estais ao lado dos mais fracos, dos abandonados, dos enfermos, dos anciãos, dos pequenos, dos não-nascidos, e a quantos cada dia sofrem diversas formas de dor.
Que estais nos céus … lá, onde tudo mudará, onde os últimos serão os primeiros, mas onde todos estaremos bem, não importando qual seja o nosso modo de ser.

Seja santificado o teu nome … Faz com que sempre possamos reconhecer a tua santidade, respeitar as tuas vias, que não são as nossas e os teus critérios, que se diferenciam dos nossos. Faz com que a invocação de teu nome nos tire de nosso egoísmo, que nos impede de ver a dor de nossos irmãos e de nossas irmãs.
Venha o teu Reino … Ajuda-nos a criar um mundo no qual, além de nossas necessidades e de nossas feridas, seja possível praticar a justiça, amar com ternura e caminhar humildemente contigo e com todos os nossos semelhantes.
Seja feita a tua vontade … Amplia a nossa liberdade, para que possamos deixar-te entrar em nós, de tal modo que a plenitude de reciprocidade que constitui a tua vida, corra nas nossas veias e nos torne capazes de irradiar o teu amor incondicional a todas as pessoas, com uma preferência pelos pobres.
Como no céu assim na terra … Faz que o trabalho de nossas mãos, os santuários e as estruturas que nós construímos nesse mundo, sejam um reflexo de teu templo de glória, de tal modo que a alegria, a graça, a ternura e a justiça que se vive no céu se irradiem sobre as nossas estruturas terrestres.
Dai-nos… Concede vida e amor a cada pessoa. Ajuda-nos a reconhecer que tudo é dom e que nós somos chamados a partilhar com os outros tudo o que temos recebido. Torna-nos capazes de compreender que, quando abrimos as mãos entra em nossa casa a salvação.
A nós… O “nós” é um plural autêntico. Senhor, doa o teu bem não só “aos nossos”, mas a todos, inclusive àqueles que são muito diferentes daquilo que, com mentalidade fechada, nós consideramos “nosso mundo”. Dá Senhor, os teus dons, de forma igual, a todas as pessoas, de qualquer país.
Hoje … Não “amanhã”. Não nos permita de prorrogar as nossas decisões até um futuro incerto e longínquo, permanecendo expectadores passivos da injustiça com a qual nos encontramos face a face, permitindo que se fortaleça, por falta de atividades e de empenho.
O nosso pão cotidiano… Possa cada pessoa deste mundo ter alimento suficiente, água límpida, ar puro, condições de saúde adequadas, acesso seguro à educação, … e tudo o que é necessário
para uma vida sã e digna. Ensina-nos a doar não só o supérfluo, mas também aquilo que é essencial também para nós.
Perdoai as nossas ofensas … Perdoa a nossa cegueira em relação a quem está próximo, as nossas preocupações egocêntricas, o nosso racismo, as nossas discriminações sexuais, a nossa inclinação a preocupar-se só com nós mesmos e com as pessoas que nos pertencem. Perdoa a nossa capacidade de ouvir as notícias sem fazer nada.
Como nós perdoamos a quem nos tem ofendido … Ajuda-nos a perdoar quem nos ofendeu, tornando-nos vítimas do próprio egoísmo. Faz com que seja possível avançar na idade da vida sem mágoas e ressentimentos, a perdoar as imperfeições de nossos pais, dos sistemas sociais, das instituições que nos feriram, ou nos ignoraram, ou nos maltrataram.
Não nos deixeis cair em tentação… Não julgar só em base ao teu comando de dar de comer ao famintos, de vestir o nu, de visitar o doente, ou em base ao quanto fizemos para mudar os sistemas que oprimem os pobres. Livra-nos deste exame, porque ninguém de nós seria capaz de manter-se de pé diante de um tal processo evangélico. Concede-nos, ainda, tempo para tornar melhores as nossas modalidades de vida, para vencer o nosso egoísmo, para corrigir os nossos sistemas.
E livrai-nos do mal … Livrai-nos da cegueira que nos permite permanecer envolvidos em sistemas anônimos, no interior dos quais não è necessário “ver” aqueles que possuem menos de nós, nós que possuímos muito. Amém.

(Traduzido do inglês, The Holy Longing, Ronald Rolheiser OMI)