Pe.Zezinho: Grandes templos para o grande Deus



Grandes templos para o grande Deus
Num raio de cento e cinquenta quilômetros, em São Paulo foram erguidos e estão em construção, cerca de quarenta grandes templos para o grande Deus. Comportam acima de 5 mil pessoas e chegam a 100 mil. Mas deve haver outros mil templos com capacidade para mais de 500 pessoas. Deus merece!

Seus idealizadores quiseram oferecer o maior espaço possível para que o milhares de fiéis se reunissem em prece, em canções e em louvores. Juntos levam muito mais gente ao louvor do que os estádios levam pessoas ao esporte, o que parece lógico um, país que se proclama cristão. Nos dias de hoje dificilmente uma partida de futebol leva mais do que trinta mil pessoas. Glória e Aleluia! As religiões estão reunindo mais gente do que o esporte. Colocam muito mais gente nas avenidas e praças do que os partidos políticos. O surto de fé e o entusiasmo, principalmente dos pentecostais, que garantem que os milagres dos inícios do cristianismo voltaram, tiram multidões de suas casas e a levam para ao templos e para as ruas.
O louvor tomou conta dos corações. A serviço desse louvor há milhares de pregadores e pregadoras. Sim, Deus é digno de todo o louvor! Deus merece todos os hinos e aplausos que possamos lhe dar. Aí, o estudioso de religião e de movimentos religiosos através da História começa a fazer perguntas incômodas. “ Vai ser sempre assim?” “Não sucederá aos crentes o que sucedeu ao nazismo e ao comunismo que também superlotavam praças e ruas?” “ Números provam excelência?” “Esta onda de fé dos últimos quinze ou vinte anos vai durar quanto tempo?” “É possível ou impossível que os fiéis se cansem de tanto louvor?” “Virão novos louvadores?” “Deus agirá para que não deixem de louva-lo? Ou sucederá aqui o que sucede na Europa hoje?”
Assim como os estádios que só se enchem em grandes decisões de campeonatos, não pode haver o risco de aqueles templos um dia se encherem apenas duas ou dez vezes por ano? A mensagem é suficientemente sólida para que gerações e gerações ali se sucedam e ocupem todas as cadeiras e bancos? Quem olha hoje para alguns templos na Holanda, na Bélgica, na Alemanha, na Espanha, ontem superlotados e hoje praticamente vazios pergunta-se como foi possível que em apenas cinquenta anos tivesse havido essa mudança?
A resposta passa pelo entusiasmo e pelo conteúdo. Entusiasmo sem conteúdo dura pouco, conteúdo sem entusiasmo também. Conseguirão os pregadores de agora, cheios de entusiasmo e emotividade à flor da pele, darem conteúdo ao seu louvor? Conseguirão os pregadores cheios de conteúdo, mas pouco entusiasmados, darem a emoção que o povo deles espera? E essas perguntas são tolas ou inteligentes? Se pudermos responder agora, respondamos. Porque se não pudermos, o tempo responderá. Uma coisa é certa: entusiasmo sem cultura teológica machuca. Cultura teológica sem entusiasmo também. Conseguiremos a síntese?!

PadreZezinho scj