Sejamos sal da terra e luz do mundo
Sal da terra e luz do mundo |
Sejamos sal
da terra e luz do mundo
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude
Brasília, 1º de Outubro de 2014.
Caros párocos e demais responsáveis pela
evangelização da juventude no Brasil.
“Vós sois o sal da terra… Vós sois a luz
do mundo” (Mt 5,13-14)
No final do mês passado, fui convidado para deixar uma
mensagem aos jovens de uma Paróquia, a partir desta afirmação de Jesus acima,
registrada no Evangelho de Mateus, no contexto do Sermão da Montanha. Ela não
se dirige somente aos adultos, mas a todos os filhos e filhas de Deus. E,
portanto, aos nossos adolescentes e jovens, de todas as paróquias brasileiras.
Ser “sal e luz” não é, em primeiro lugar, uma
conquista nossa. É dom, graça, presente de Deus! Ele não diz que nós “seremos”
isto, um dia; ele afirma que já o “somos”, mesmo se ainda de maneira limitada,
não plena. Saber disto é motivo de felicidade. Esta identidade não decorre de
nosso mérito próprio, mas a recebemos do amor de Deus que é, sempre, gratuidade
e abundância, independentemente de nosso merecimento.
Ser “sal e luz” é graça de Deus e, ao mesmo tempo,
compromisso nosso. Exige-se empenho em manter o “sal” com sabor e a “luz” na
sua função de iluminar. O descuido gera, portanto, ineficácia e inutilidade
destes elementos.
“Sal e luz” são dois conceitos que nos remetem a
elementos fundamentais, tão presentes, principalmente, na fase de nossa
juventude: “sentido de vida”, “alegria”, “prazer”, “valor”, “sabor”
“discernimento”, “clareza de direção”, “segurança”.
Se, por um lado, o verbo ser conjugado – “vós sois!”
– nos dá a certeza da nossa identidade, por outro, carrega em si uma
convocação: a de “ser” hoje, no meio dos outros e para os outros, protagonistas
de uma nova história e da Civilização do Amor! Portanto, é um compromisso!
Estamos entrando em outubro, mês Missionário, rico em
memórias e celebrações que nos ajudam a fortalecer nosso coração de entrega
radical ao amor de Deus e do próximo! Bebamos do testemunho de Santa Teresinha
do Menino Jesus (dia 1º) que, mesmo sem ter deixado o Carmelo, tornou-se a
padroeira das Missões pelas suas orações e sintonia aos desafios da
evangelização no mundo. Além de nos proteger, os Santos Anjos da Guarda (dia 2)
nos recordam que também nós somos, por vocação, mensageiros de Deus e guardiões
das pessoas. Os mártires missionários da Igreja, recordados neste mês, nos
entusiasmam pela sua coragem evangelizadora e nos animam a entregar a própria
vida como fiéis discípulos do Senhor: Beatos André e Ambrósio, no Rio Grande do
Norte (3);São Dionísio (9); São Calisto (14); Santo Inácio de Antioquia (17);
São Lucas (18); São Simão e São Judas Tadeu (28).
E quem não se encanta com a forte figura despojada e
simpática de São Francisco de Assis (dia 4), provocando-nos a promover
fraternidade entre as pessoas e respeitar a natureza? E o que não dizer da
força carismática daqueles santos que sentiram a necessidade de fundarem
Congregações e Institutos, perpetuando, assim, a missão de levar a Palavra de
Deus e condições mais dignas às pessoas? São Francisco de Assis e as Ordens
Franciscanas (4), São Bruno e a Ordem Cartuxa (6), São João Calábria e a Obra
Calabriana (8), São João Leonardi e a Ordem dos Clérigos da Mãe de Deus (9),
São Daniel e as Ordens Missionárias Combonianas (10), Santo Antônio Maria
Claret e a Congregação dos Claretianos (24). Outros deram a vida pela causa da
Igreja, servindo-a, purificando-a, fortalecendo-a e defendendo-a: Santa Tereza
de Jesus (15), Santa Edviges (16), São João de Capistrano (23), Santo Antônio
Galvão, nosso primeiro santo brasileiro (25).
Aproveitemos do testemunho destes muitos santos e
santas para encherem os olhos e o coração dos nossos adolescentes e jovens de
entusiasmo missionário! Confiram se nos encontros de catequese e na programação
dos grupos e movimentos juvenis existentes em sua Paróquia, há momentos
formativos ao redor destas figuras emblemáticas que marcam nossa história
cristã e desinstalam as pessoas para servir a Deus e ao próximo. “A leitura
da vida dos santos e de seus escritos pode contribuir enormemente para
despertar e alimentar a vida dos jovens que hoje, mais do que nunca, sentem
necessidade de modelos, líderes, testemunhos” (Doc. 85, n. 128).
A Paróquia, com suas diversas comunidades e projetos,
é o ambiente mais propício e completo para o conhecimento e a experiência do
significado do “sal” e da “luz”, anunciado por Jesus Cristo. Os adolescentes e
jovens que Deus nos confia para amar e servir merecem e desejam encontrar na
Paróquia as condições favoráveis para o desenvolvimento de sua identidade
cristã e de sua vocação missionária. Que pena contemplar tantos jovens que não
se abrem à experiência gostosa e enriquecedora de nossas Comunidades eclesiais!
Que pena contemplar paróquias que não apostam nos jovens! “Que lamentável é
a existência de uma comunidade que não atrai os jovens!”, pois, “sem o
rosto jovem a Igreja se apresentaria desfigurada” (Doc. 100 da CNBB, n.
222).
Queridos irmãos e irmãs, adultos, vamos melhorar nossa
missionariedade em direção aos nossos adolescentes e jovens que se encontram em
nossos ambientes eclesiais! Ouvi-los, acolhê-los, valorizá-los, auxiliá-los,
promovê-los, oportunizando-lhes condições de desenvolvimento de sua vocação e
de seus dons! Vamos ajudá-los no desenvolvimento de sua vocação missionária
para que se tornem, cada vez mais, alegres apóstolos de outros tantos jovens!
Não sejamos mesquinhos no tempo e nos recursos gastos com as novas gerações! O
investimento nelas é ganho para todos.
A devoção a Nossa Senhora Aparecida nos empolga a
todos. Nossa Padroeira nacional (12), nos ajuda a refletir sobre a
simplicidade, a atenção aos mais pobres e esquecidos, o valor da família, os
sacrifícios de nossa vida peregrina, a pequenez de nossa vida, a grandeza do
amor de Deus. Recorramos a ela em nossa busca de fidelidade à vocação
missionária que Deus nos concede! Aproveitemos, também, da festa de Nossa
Senhora do Rosário, no próximo dia 7, para renovar a prática tão familiar e
carinhosa de rezarmos cotidianamente o santo terço. A simplicidade do terço nos
conduz à simplicidade da vivência cotidiana de nossa vida que, nas mãos de Deus
e sob os olhares de Maria, é chamada à felicidade e à proteção. Quem sabe, com
novos meios e linguagens, cativemos as novas gerações para a alegre e constante
prática desta devoção popular?
Que o olhar diferenciado para as novas gerações,
favorecendo-lhes caminhos formativos mais atraentes, envolventes e
comprometedores, faça parte da dinâmica pastoral de sua Paróquia e demais
iniciativas evangelizadoras.
Tenham todos um abençoado mês missionário e um
marcante momento de celebração do “Dia Nacional da Juventude” que, organizado
pela Coordenação da Pastoral Juvenil Nacional, convoca-nos a uma retomada da
problemática do tráfico humano, abordado pela Campanha da Fraternidade deste
ano. “Feitos para sermos livres, não escravos!” Com este lema do DNJ 2014,
renovemos nosso compromisso de evangelizadores da juventude, chamados a
auxiliá-la em sua dignidade de filiação divina. Que nenhum jovem viva em
contexto de escravidão, violência e morte! E que nossos jovens, em compromisso
missionário pessoal e coletivo, sejam, cada vez mais, “sal e luz” de
vida e liberdade no meio de seus irmãos e irmãs.
Com estima,
Dom Eduardo Pinheiro da Silva, sdb
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a
Juventude da CNBB