A festa da Sagrada Família compreendemos a encarnação de Deus na realidade da vida de família



Celebrar a festa da Sagrada Família neste tempo do Natal é compreender a encarnação de Deus na realidade da vida de família. A humanidade torna-se a Grande Família de Deus e Ele se revela profundamente humano.


O livro do Eclesiástico ajuda a recuperar as raízes e a identidade de um povo ameaçado de perder o sentido da vida. Amar, obedecer e respeitar a fonte da vida, que são os pais, é amar, respeitar e obedecer a Deus, origem de toda a vida. Os filhos, na fase adulta, são convocados a perpetuar a vida e amparar os pais na velhice, quebrando o sistema da sociedade de consumo que só valoriza as pessoas enquanto elas são capazes de produzir. Lucas nos mostra em seu Evangelho que Jesus encarnou a realidade de seu povo, especialmente a dos empobrecidos.

A família de Nazaré cumpre a tradição: apresenta seu filho no templo para a purificação, como todas as famílias. A oferta do par de rolas ou dois pombinhos demonstra que Jesus se apresenta a Deus e à humanidade como pobre. Simeão e Ana representam todas as pessoas que esperam consolação e libertação. E todos nós somos chamados a anunciar a salvação, a paz. A profecia de Simeão significa que a salvação não vem sem conflito e dor.  

Como são nossas relações familiares? Como os pais tratam os filhos? Como os filhos acolhem os pais? E o diálogo e a compreensão, estão presentes em nossa vida de família? Simeão e Ana representam as esperanças de consolação e libertação. E as nossas famílias, são sinais da presença de Deus em nossas comunidades?

As famílias de hoje são bem diferentes das famílias do tempo de Jesus. Passaram por profundas mudanças, mas continuam tendo um lugar importante na vida da pessoa humana. A família deve ser o lugar de acolhimento, carinho e ternura, principalmente com as crianças e os idosos. A família deve ser o espaço:


  • de preservação das tradições e raízes culturais;
  • de experiência da vida de oração;
  • de diálogo entre si, e também aberta às diferentes culturas e religiões;
  • de buscar a construção da paz;
  • de vivência da solidariedade com as dores e dificuldades de tantas famílias por uma vida mais digna;
  • de valorização da pessoa humana, respeitando a individualidade de cada um;
  • de crescimento com saúde e sabedoria, onde se viva de maneira simples, mas com o essencial;
  • de aprendizado do perdão e do respeito mútuo;
  • de colocar-se a serviço do outro e abrir-se à graça de Deus.


Estes critérios eram vivenciados pela família de Nazaré. Devemos segui-los como referência para nossa vida de família, pois só assim teremos famílias que educam na fé, para a cidadania, para a solidariedade e para as lutas por uma vida digna.