Mais participação, mais políticas públicas
Em 2014
acompanhamos um intenso período eleitoral, onde a reeleição da Presidenta da
República, Dilma Rousseff, foi conquistada com muita luta e ação da militância
na rua. Agora é tempo de organizar a casa internamente, de compor quadros
administrativos do governo e de seguir avançando com a conquista de direitos e
de espaços para o povo. Nesse sentido, os movimentos sociais, organizações e
conjuntos, protagonistas dessa corrida exitosa se colocam a disposição e
manifestam o desejo de participação nas decisões do governo de coalizão que vem
se desenhando, afim reafirmar suas lutas, bandeiras e anseios.
Desde os
dois mandatos do presidente Lula, os movimentos juvenis foram muito presentes
na discussão, construção, proposição e efetivação de muitas Políticas Públicas
de Juventude, especialmente após a criação da Secretaria Nacional de Juventude
e do Conselho Nacional de Juventude, em 2005. Destaca-se, entre as principais
construções coletivas, a realização das duas Conferências Nacionais de
Juventude, a inclusão do termo “Juventude” na Constituição Federal, como
sujeito de direitos, a elaboração do Plano Juventude Viva, a aprovação do Estatuto
da Juventude, que tramitou no Congresso por quase dez anos, e, recentemente, o
processo de construção do Plano Nacional de Juventude, a ser avaliado e
aprovado na 3ª Conferência Nacional de Juventude, entre tantas outras
construções.
Vários
movimentos juvenis foram agentes fundamentais na reeleição da presidenta Dilma,
porque acreditaram que o projeto político vencedor representava de forma mais
clara a linha de avanços nos campos sociais e na garantia dos direitos, e o
projeto popular em curso na América Latina. Agora, nesse segundo mandato da
presidenta, a presença e participação desses mesmos movimentos juvenis na
construção e defesa das políticas públicas de juventude deverá ser ainda mais
contribuitiva, crítica, e de cobrança de resultados, haja vista que o tempo é
curto e milhares de vidas estão sendo ceifadas pela morosidade dessas
políticas.
Enquanto
Pastoral da Juventude, nunca nos negamos ao compromisso evangélico que nos
compete, que é o de cuidar e lutar pela vida em plenitude, sempre na coerência
ao Projeto que anunciamos, e que tem clara opção pelos/as excluídos/as e
oprimidos/as. Por essa motivação e diante da capilaridade de nossa atuação, que
faz da PJ uma das maiores organizações juvenis do Brasil, viemos trazendo dos
nossos milhares de grupos de jovens, desde os processos históricos já citados,
as mais diferentes realidades, necessidades, e as inúmeras experiências de
inserções políticas locais, para a real efetivação de políticas públicas, que
promovam e defendem, de fato, a vida da juventude.
Nosso
posicionamento político frente ao atual cenário que se coloca em curso no
Brasil hoje, e de forma direta à Secretaria Nacional de Juventude, seguirá
sendo o mesmo e de forma ainda mais intensa: de avaliação, de sentar à mesa
para dialogar, propor, fazer apontamentos e ajudar a construir coletivamente, e
também, de crítica, autonomia, cobrança dura ao investimento e consolidação
concreta das políticas públicas para a juventude brasileira. Não vamos nos
omitir frente a qualquer descaso ou incoerência que possam vir a surgir,
principalmente quando a vida da juventude estiver em jogo. E novamente, a
exemplo de como fora em 2011 por ocasião da 2ª Conferência Nacional de
Juventude, iremos organizar e motivar os nossos mais de 15 mil grupos de jovens,
que já estudam e debatem sobre direitos da juventude e políticas públicas de
juventude há anos, para que contribuam no processo da 3ª Conferência Nacional
de Juventude, que deverá acontecer neste ano de 2015.
É oportuno
reafirmar nossas principais bandeiras sempre erguidas nos espaços públicos, que
são a luta contra a violência e o extermínio da juventude, expressa na Campanha
Nacional Contra a Violência e Extermínio de Jovens; a luta contra a redução da
maioridade penal; o fim dos autos de resistência; a desmilitarização da
polícia; a defesa integral dos direitos das juventudes, respeitando sua imensa
diversidade; a democratização da mídia; e o fortalecimento dos instrumentos de
participação popular, que estimulam e valorizam o engajamento e a construção concreta,
tanto a partir dos mecanismos formais, como também pelas novas formas de
participação – pela internet, pela expressão cultural, pela experiência
comunitária. Ressaltamos nossa defesa na melhoria do Ensino Público, para que
ele seja cada vez mais democrático e de qualidade: queremos uma educação e um
currículo que promovam a capacidade crítica e a inclusão democrática dos e das
jovens no cenário social.
Nos unimos
também a outros movimentos sociais que lutam pelo direito à terra, à moradia e
aos direitos básicos previstos, além da luta pela Reforma Política, pilar
fundamental para o avanço verdadeiramente popular e democrático, e base de
tantas outras reformas necessárias. Não vamos esmorecer, porque sabemos da
importância de termos firme nossos anseios nesse momento histórico e porque
acreditamos no outro mundo possível.
Ainda nessa
nota, queremos agradecer à companheira Severine Macedo, pela condução da
Secretaria Nacional de Juventude nesse último quadriênio, pelas tantas lutas
assumidas e conquistadas por meio da coletividade, e pela dedicação à causa das
diversas juventudes brasileiras. Agradecemos também pelas vezes em que esteve
presente nas atividades da Pastoral da Juventude, vivendo conosco o nosso jeito
de ser juventude organizada. Queremos também desejar ao companheiro Gabriel
Medina, que assume agora a SNJ, que tenha uma gestão exitosa e cheia de
conquistas, de diálogo, e que haja sempre a sensibilidade para ouvir as vozes
que clamam por mais espaço e cuidado, vozes essas que ecoam pelo Brasil
inteiro. Desejamos ainda, acima de tudo, que o amor à vida da juventude esteja
sempre à frente de qualquer processo e posição.
Da mesma
forma, agradecemos o serviço do ministro Gilberto Carvalho na Secretaria-Geral
da Presidência da República, sempre muito próximo à PJ, e acolhemos o novo
ministro Miguel Rossetto, a quem desejamos boa sorte, bons trabalhos, e que
lhes cheguem nossos gritos e proposições, para que o diálogo nesse espaço
continue mais fortalecido.
Muito já foi
feito e muito há por se fazer. Ainda existem milhares de jovens que morrem
pelos campos e pelas periferias de nosso país, além dos milhares de jovens fora
das universidades e sem acesso ao trabalho, à renda digna, à cultura e ao seu
território. Temos ainda a luta pela igualdade de gênero que precisa ser
fortalecida em todos os espaços. Enquanto estivermos junto à juventude, não nos
faltará pelo que lutar.
Fazemos coro
à fala da Presidenta Dilma em seu discurso de posse no Parlatório do Palácio do
Planalto: “Nenhum direito a menos, nenhum passo atrás!” Este também é o desejo
dos mais de 52 milhões de jovens brasileiros.
Nesse
sentido, nos colocamos, com nossas bandeiras e posições, à disposição para um
diálogo constante. Desejamos que a Secretaria Nacional de Juventude siga
contando com a Pastoral da Juventude nessa caminhada, acreditando e tendo
sempre a juventude como protagonista e agente transformadora de sua realidade.
Chapecó/SC, janeiro de 2015
Chapecó/SC, janeiro de 2015
Aline
Ogliari
Secretária
Nacional da Pastoral da Juventude