Quando o minério acabar
Voltei a morar em Oriximiná, há 15
anos(12/06/2.000). Desde o meu retorno, tenho ouvido falar em "nos
prepararmos para quando o minério acabar". Infelizmente, não consigo
visualizar nada nesse sentido. Posso até estar sendo tendencioso, mas vejo no
setor primário a melhor maneira de "nos prepararmos para o fim do
minério". Municípios vizinhos nossos como Monte Alegre e Alenquer tem
hoje a agricultura familiar como fonte fundamental de geração de renda. Aqui em
Oriximiná, cada um para seu lado. A Emater, da qual faço parte, faz um trabalho
de assistência técnica e extensão rural, levando crédito aos agricultores
familiares, inclusive ribeirinhos, pequenos criadores, extrativistas,
pescadores artesanais, indígenas, remanescentes de quilombos, etc, totalizando
valor em créditos na ordem de 4 milhões de reais anuais.
Só para exemplificar, agricultores assistidos
pela emater em convênio com a MRN, fez com que os produtores da comunidade
Ascenção, no Lago Sapucuá, melhorassem a qualidade da farinha de mandioca e
atinjam valores de venda 150% acima do valor praticado no mercado, melhorando a
qualidade de vida desses produtores. Mostramos através de uma UNIDADE
DEMONSTRATIVA como dobrar a produtividade da mandioca, etc. Nem mesmo assim,
somos bem vistos pelas autoridades municipais. A Secretaria Municipal de
Agricultura trabalha isolada para outro lado e assim, o tempo vai passando, o
minério acabando.... Tentamos por várias vezes efetivar um convênio para que
ações planejadas fossem executadas por todas as entidades envolvidas na
agricultura, mas, infelizmente não conseguimos. Então, continuamos fazendo
nossa parte, sabendo que poderíamos fazer muito mais, se a vontade política
permitisse. Se alguém souber quem esteja fazendo algo para mudar esse cenário,
favor mostrar para mim e para e sociedade oriximinaense.
Marcos Leite. Engenheiro
Agrônomo, MSc. Cidadão
oriximinaense
fonte: espocabode